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Carlos Voges: Os produtores que comemoram a liberação da carne, por outro lado protestam contra a portaria da Funai de demarcação de terras indígenas. Como conviver com essas duas situações?
Governador Puccinelli: É importante que se diga, não é demarcação de área. É unilateralmente um estudo antropológico, sócio cultural étnico, para que digam que os Guaranis e Caiuás, povo nômade por sinal, isso é importante que se guarde, digam que teriam o direito a 3,5 milhões e meio de hectares. Antes de virem estes antropólogos, já havia um estudo consolidado e escrito que nós resgatamos, de maio de 2007. Então contos da carochinha, falácias, nós não aceitaremos. O que é a Funai? A Funai é uma fundação de direito público que vê a ótica do indígena, unilateral e parcial. Nós vamos ter, por parte do Estado,por parte do produtores, a ótica dos produtores. Não dos grandes produtores tão somente como alegam eles na questão, mas dos pequenos produtores inclusive. Eu tive contatos com os da agricultura familiar, sete mil e tantas famílias que se encontram na região. Como é que ficam eles? Como é que fica o Estado que, no meu entender e na minha ótica pessoal,que se sentiu afrontado porque a Funai sequer telefonou, falou ou passou ofício ao governador. Aqui tem gestor público que cuida não só de índios, mas de quilombolas, de grandes produtores, de agricultores em escala e de agricultura familiar.Então, a ótica do índio é vista pela Funai que, por sinal, nada fez até hoje no Estado de Mato Grosso do Sul, a não ser, desculpem a expressão chula, encher o saco.
Carlos Voges: Como assim encher o saco?
Governador Puccinelli: Vou dar exemplos: quem é que paga todas as cestas de alimentos, hoje, para os indígenas? O Governo Estadual de MS. O que a Funai paga? Nada. Quem é que fez o plano de trabalho para os indígenas em 19 de abril deste ano? O Governo de MS que previu que as áreas que estão de posse dos índios, as aldeias, pudessem ter por assistência técnica do Governo do Estado de MS, por aquisição de insumos, por parte do Governo de MS,de sementes, por parte do Governo do Estado de MS, de 68 patrulhas mecanizadas, por parte do Governo do Estado de MS um plano. O que a Funai fez? Nada.Nem o ar para encher o pneu dos tratores a Funai até hoje deu. Então, a Funai tem que nos respeitar e não nos respeitou. E o antropólogo andou dizendo numa assembléia que o Governo do Estado e o Governo Federal nada tinham feito agora. Ele precisava vir do Nordeste, sem conhecer o Estado para, desculpem novamente a expressão,para nos encher o saco.Nós cuidamos dos indígenas. O Governo atual do Estado de MS tem senso da sua responsabilidade. Nós queremos proteger, amparar e fazer com que os indígenas em suas aldeias produzam, mas vir com teorias estranha da nossa realidade, passando por cima do Governo do Estado, comigo no Governo não farão isso.
Carlos Voges: O senhor teme conflitos?
Governador Puccinelli: Não,nós temos que apaziguar os ânimos. Os indígenas têm os seus direitos, os agricultores familiares tem os seus direitos e o Governo do Estado é o indultor e fomentador do desenvolvimento para todos. Não só os indígenas, mas os quilombolas, os pequenos produtores, os movimentos sociais, os industriais, os da agricultura em escala. Portanto da nossa parte não haverá conflito. Agora haverá conflitos se antropólogo quiser entrar em propriedade, não vai entrar. A não ser que haja determinação judicial porque estudo já feito para vir desarquivar e, em pouco tempo, trazerem nós não vamos engolir. Eles tem que conversar conosco. Porque até agora a Funai não fez nada para a proteção dos indígenas do Estado de MS. Não tem levantamento de quantos existem nas aldeias, não tem levantamento de quantos índios desaldeados estão e eu, desde que estava na prefeitura de Campo Grande, já tinha isso. Tanto é que os cinco mil índios terenas desaldeados em Campo Grande que os atendeu? O prefeito André Puccinelli, eu já tenho história. Não me venham com falácias de que o André está contra os índios porque não está, nunca esteve e não estará. Agora, ordem e disciplina, ordem e progresso está na bandeira e o Estado vai cumprir.
